O uso racional e criterioso de opioides tem sido tema recorrente nas diretrizes de diversas sociedades médicas internacionais. A Academia Americana de Medicina Física e Reabilitação (AAPM&R) reforça seu papel em estabelecer posicionamentos claros e baseados em evidências quanto ao manejo da dor, especialmente no que diz respeito ao uso de opioides como parte do arsenal terapêutico.
Então vamos lá, seguem as recomendações da AAPM&R e, logo abaixo, explico cada uma delas em detalhes:
- The primary goal of pain management is optimization of function.
(O objetivo principal do manejo da dor é melhorar a funcionalidade do paciente) - Pain management should be multidisciplinary and multimodal.
(O manejo da dor deve ser multidisciplinar e multimodal) - Opioid dosages should be the lowest necessary to achieve the best functional outcome.
(As doses de opioides devem ser as mínimas necessárias para atingir o melhor resultado funcional do paciente) - Chronic opioid therapy should be accompanied by appropriate risk stratification and ongoing risk management.
(Terapia de uso contínuo de opioides deve ser acompanhada por apropriada estratificação de risco de adicção ou uso indevido, e sua reavaliação periódica) - Opioid therapy for new onset of acute pain should be limited with regular assessment.
(O uso de opioides para dor em quadros agudos deve ser limitado e com reavaliação regular) - Every physiatrist who prescribes opioids maintains a commitment to patient safety and continuing education.
(Cada fisiatra que prescreve opioides estabelece e mantém um compromisso com a segurança do paciente e sua contínua educação)
1. O objetivo principal do manejo da dor é a otimização da funcionalidade do paciente
Mais do que eliminar completamente a dor, o foco deve ser restaurar a autonomia, a mobilidade e a qualidade de vida do paciente. Melhorar a função é o que realmente importa — e esse é um dos pilares da Medicina Física e Reabilitação.
2. O manejo da dor deve ser multidisciplinar e multimodal
A dor é complexa e, muitas vezes, exige múltiplas abordagens ao mesmo tempo. Isso inclui fisioterapia, reabilitação, intervenções não farmacológicas, suporte psicológico, acupuntura, bloqueios e, quando necessário, o uso pontual de medicamentos — incluindo os opioides, sempre com critério.
3. As doses de opioides devem ser as mínimas necessárias para alcançar o melhor resultado funcional
Quando o uso de opioides é indicado, deve-se buscar sempre a menor dose eficaz, com o objetivo de recuperar a funcionalidade. O foco não é a analgesia total, mas permitir que o paciente retome suas atividades, com segurança e qualidade de vida.
4. A terapia crônica com opioides deve ser acompanhada por estratificação de risco e reavaliações constantes
Em casos de uso prolongado, é imprescindível monitorar continuamente os riscos de dependência, abuso e outros efeitos adversos. Isso inclui o uso de escalas de rastreio, entrevistas estruturadas e reavaliações periódicas para garantir a segurança do tratamento.
5. O uso de opioides em dor aguda recente deve ser limitado e reavaliado regularmente
Mesmo em situações como pós-operatórios ou traumas, a prescrição de opioides deve ser feita com cautela e por tempo limitado. O ideal é que esse uso transitório não evolua para uma dependência ou uso crônico desnecessário.
6. Todo fisiatra que prescreve opioides deve manter o compromisso com a segurança do paciente e com a educação médica continuada
Prescrever opioides com responsabilidade exige conhecimento, atualização constante e uma abordagem ética e centrada no paciente. A capacitação do profissional e a adesão às melhores práticas são fundamentais para garantir um cuidado seguro e eficaz.

